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Sinopse: Após perder a namorada em um trágico acidente, Roberto deixou a vida amorosa de lado para se dedicar apenas aos estudos. Era o último semestre de seu curso na faculdade quando ele se apaixonou por sua professora. Nada de anormal se ela não fosse sete anos mais velha do que ele. A mãe do rapaz não aceita o namoro e faz de tudo para estragar o romance. Mas o que ele não sabe é que o passado desta professora esconde um segredo que pode acabar de vez com o namoro.
Agora eles precisam enfrentar todos os preconceitos e ainda superar os fantasmas do passado.
Será que eles conseguirão superar todos os problemas para viver esse grande amor?
Uma discussão sobre a diferença de idade entre um casal e o preconceito. A luta para viver um grande amor enfrentando tudo e todos.
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Paul e Jennifer estavam distraídos olhando as águas do oceano ao longo do horizonte. Tudo estava calmo e em aproximadamente trinta minutos estariam chegando à Porto Rico.
De repente eles foram surpreendidos por um solavanco seguido de um barulho que parecia vir de um dos motores do avião.
— O que foi isso? — perguntou Jennifer assustada.
— Parece que estamos com um problema no motor esquerdo. — respondeu Scott o piloto do bimotor em que estavam.
— Isso quer dizer que vamos cair? — perguntou Paul.
— Se o motor parar totalmente teremos sérios problemas — respondeu Scott.
Todos ficaram apreensivos e Jennifer parecia paralisada de tanto medo que estava sentido. De repente houve um terrível silêncio no lado esquerdo e os dois perceberam que o motor havia parado definitivamente.
— Agora estamos com sérios problemas, vou tentar pousar na primeira ilha que avistar.
O avião já não tinha estabilidade, Paul e Jennifer já se preparavam para morrer quando Scott avisou que estavam se aproximando de uma ilha.
— Talvez não consigamos chegar ao nosso destino, é melhor tentarmos um pouso forçado, temos mais chance do que cairmos em alto mar — disse Scott gritando, mas não querendo os desesperar.
Aquelas palavras não eram as que eles queriam ouvir naquele momento, mas entre morrer afogado ou se espatifar no solo de uma ilha, pouco importava a diferença. Os dois conferiram se os cintos estavam bem firmes e aguardavam a morte ao se chocarem contra a ilha. Jennifer fechou os olhos e se protegeu se abaixando na poltrona. Paul segurou-se firme.
O avião começou a perder altitude e já era possível avistar a ilha. Quando Scott tentou aterrissar na praia, a asa direita do avião bateu em um coqueiro e ele perdeu totalmente o controle da aeronave. Ninguém conseguia ver mais nada, ouvia-se apenas o barulho do avião batendo em tudo o que tinha pela frente, depois de uma sequência de batidas o avião finalmente parou já dentro da mata. Por sorte não havia nenhuma árvore grande pelo caminho.
Foi grande a surpresa quando Paul percebeu que apesar de tudo os dois ainda estavam vivos. No entanto, não conseguiam ver se tudo estava bem com Scott.
Paul soltou-se e depois ajudou Jennifer a soltar o cinto de segurança que tinha ficado enroscado.
— Você está bem Jennifer?
— Sim Paul. Apesar de tudo estou bem. Na verdade pensei que fosse morrer e estou apenas com alguns arranhões.
— Eu também pensei que fosse o fim. Vamos ver se está tudo bem com Scott. Não ouvi a voz dele depois que o avião parou.
Os dois conseguiram sair do lugar que estavam e viram que a cabine do avião estava totalmente destruída. Logo avistaram o corpo de Scott caído sobre o painel do avião.
— Não olhe Jennifer. Scott está morto.
Paul a abraçou.
— Ele salvou nossas vidas, mas não conseguiu salvar a dele. Precisamos sair daqui, o avião pode explodir — disse Paul.
Depois de certo esforço Paul conseguiu abrir a porta do avião e os dois saíram levando apenas as mochilas que carregavam.
— Está vazando combustível, vamos nos afastar daqui — disse ele.
Quando os dois conseguiram alcançar a praia ouviram uma forte explosão e viram as chamas consumindo o avião.
— Conseguimos sair a tempo. Mais alguns minutos e teríamos virado churrasco.
— E agora o que vamos fazer? — perguntou Jennifer ainda assustada com tudo o que havia acontecido.
— Podemos sentar aqui na areia e aguardar pelo próximo avião.
— Não seja bobo Paul. Eu quero saber como fazemos para sair daqui?
— Não sei se você já percebeu, mas provavelmente estamos em uma ilha desabitada em algum lugar próximo à Porto Rico e as chances de nos encontrarem aqui são bastante remotas. Talvez ainda nos lamentemos por não termos morrido na queda do avião.
Neste momento Jennifer começou a chorar. Agora ela começava a perceber tudo o que estava acontecendo. Longe de sua família, das pessoas que ela amava, com fome, sede, perdida em uma ilha com seu colega de trabalho. Paul a abraçou até que finalmente ela parou de chorar.
— Se acalme, precisamos pensar. Nossos celulares não funcionam aqui, o rádio do avião queimou na explosão, isso quer dizer que não temos como avisar que estamos aqui nesta ilha. Logo eles vão notar o nosso desaparecimento, mas é pouco provável que nos encontrem ainda hoje, isso para não dizer impossível. Precisamos encontrar alguma coisa para comer e também temos que fazer um abrigo.
— E nós vamos comer o quê?
— Não seja boba Jennifer, vamos comer aquilo que encontrarmos, frutas, peixes. Ou você pretende ir ao restaurante mais próximo?
— Para começar vou providenciar água de coco para que possamos matar nossa sede. O avião derrubou alguns cocos ao bater antes de cairmos.
Paul pegou alguns cocos e usou uma pedra para parti-los, os dois saciaram a sede e depois comeram parte do coco que já estava maduro.
Os dois ficaram sentados na areia e observavam a imensidão do mar azul, nenhum sinal de que ao menos um barco passaria por ali.
Depois de algum tempo…
— Fique aqui, irei onde está o avião para ver se consigo encontrar algo que sirva para cortar madeira.
— Eu vou com você.
— Tem certeza Jennifer? O corpo de Scott está carbonizado e talvez você não queira ver isso.
— Não quero ficar sozinha aqui.
Os dois caminharam até o local e a vegetação ao redor do que sobrou do avião estava toda queimada ainda com fumaça sendo expelida. Paul foi até a frente do avião e conseguiu arrancar um pedaço da hélice que estava quebrada.
— Isso aqui deve servir para o que eu pretendo fazer — disse Paul.
Jennifer olhava para o que havia sobrado do avião e perguntou.
— Onde está o corpo de Scott?
— Aquilo é o que sobrou dele — disse Paul apontando na direção.
Jennifer ficou horrorizada, não imaginava que um corpo carbonizado se resumiria a aquilo, em seguida saiu correndo dali e retornou para a praia.
— Eu lhe disse que seria melhor ter ficado aqui — disse Paul ao alcançá-la.
— É que eu não imaginava que veria aquilo, talvez fosse melhor ter ficado por aqui mesmo. Coitado do Scott. Mas me diga o que pretende fazer com isso.
— Vou cortar algumas estacas e fazer um abrigo para que possamos dormir.
— Vamos dormir em uma barraca e ainda por cima juntos? — perguntou Jennifer.
— Se você tiver outra escolha, pode dormir lá no que sobrou do avião. Scott lhe fará companhia.
— Seu idiota — disse Jennifer lhe jogando um punhado de areia.
— Cuidado! Se você não se comportar eu faço uma cabana apenas para mim. Já que você não quer ficar sozinha venha me ajudar. Vamos deixar as mochilas aqui, afinal ninguém irá roubá-las.
Os dois caminharam um pouco dentro da mata e logo Paul encontrou algo que serviria. Depois de muito esforço conseguiu cortar algumas varas de bambu e alguns cipós. Paul carregou as estacas e Jennifer os cipós. Usando as técnicas de sobrevivência que havia aprendido no exército ele cavou a areia e fixou as estacas, em seguida utilizou o cipó para fixá-las no topo formando uma espécie de barraca.
— Agora precisamos de algumas folhas de coqueiro para cobrir. Acredito que aquelas do coqueiro caído são o suficiente.
Paul colocou as folhas sobre a barraca e as fixou com os cipós.
— O que achou Jennifer?
— Não sei se isso irá nos proteger de alguma coisa, mas como não temos escolha está bom. Estou ficando com fome, você não tem nada para comer em sua mochila?
— Absolutamente nada. Vou tentar pegar alguns peixes antes do anoitecer para que possamos saciar nossa fome.
Paul pegou uma estaca em forma de arpão e amarrou um cipó na outra extremidade, em seguida caminhou até a beira do mar procurando um lugar apropriado para pescar.
Jennifer ficou na barraca observando à distância. Estava com a bexiga doendo de vontade de fazer xixi, ela então foi atrás da barraca onde Paul não poderia avistá-la. — Meu Deus! Como é que iremos tomar banho — pensou ela.
Aproximadamente uma hora mais tarde Paul retornou trazendo um peixe.
— Aqui está o nosso jantar. Vamos comer?
— Você não está querendo insinuar que teremos que comer peixe cru? Eu odeio sushi.
— Pensei que você estivesse com muita fome, mas não se preocupe. Eu tenho um acendedor que carrego sempre em minha mochila, também tenho um canivete. Nunca sabemos quando vamos precisar. Enquanto eu preparo o fogo você limpa o peixe.
— Limpar o peixe! Mas ele já não está limpo, foi retirado da água?
— Então você acredita que os peixes saem da água prontos para irem ao forno? Eu não ouvi uma coisa dessas? Estou me referindo às vísceras, tripas se é que me entende.
— Credo que nojo. Se eu fizer isso não terei coragem de comer depois.
— Tudo bem, pode deixar que eu faço todo o serviço, mas por causa disso nosso jantar vai demorar um pouco mais para ficar pronto.
Paul arrumou alguns gravetos e fez uma espécie de churrasqueira improvisada, depois colocou alguns pedaços de madeira e acendeu o fogo. Depois limpou o peixe. Em menos de uma hora o peixe já estava assando.
— Paul. O sol irá se por daqui a pouco e ainda não tomei banho.
— Realmente acha que é necessário?
— Sim. Jamais em toda a minha vida passei um dia sem tomar banho.
— O peixe ainda vai demorar um pouco para ficar pronto. Se quiser pode tomar banho antes do jantar.
— Tomar banho, onde?
— Não me faça rir Jennifer. Olhe o tanto de água a sua volta e você me pergunta onde irá tomar banho? Sei que a água é salgada, mas enquanto não encontrarmos um local mais adequado esse é o único jeito.
— Promete que não vai olhar para mim enquanto eu estiver sem roupa? É impossível tomar banho sem ficar nua.
— Não seja boba Jennifer. Estamos aqui perdidos nesta ilha e nem ao menos sabemos se iremos sobreviver e você está preocupada com isso. A única pessoa que pode ver você nua sou eu e no momento estou aqui cuidando de nosso jantar. Mas se você quiser pode ir para bem longe para que não fique ao alcance da minha vista.
— Por acaso você tem uma toalha aí? — perguntou Jennifer.
— Não. Não costumo carregar toalhas. Sempre utilizo a do hotel.
— E agora o que eu faço?
— Fique nua e espere seu corpo secar, depois você veste a roupa limpa, acredito que você tenha roupas limpas.
— Sim, são poucas, mas tenho. Como ficaríamos apenas um dia em Porto Rico eu trouxe apenas o suficiente.
Jennifer caminhou até a beira da praia e encontrou um lugar não muito distante de Paul. Não queria que ele pudesse vê-la nua, mas também tinha medo de se distanciar muito e quem sabe passar por algum perigo. E se aquela ilha não fosse deserta como eles imaginavam?
Ela olhou para trás e certificou-se de que Paul não estava olhando e então começou a tirar a roupa. Primeiro tirou a blusa e o sutiã, em seguida a calça branca que usava e a calcinha. Então entrou na água molhando as pernas até a altura dos joelhos e começou a se lavar. Na verdade, aquilo não era um banho de verdade, mas era a única coisa que Jennifer tinha a disposição naquele momento.
Enquanto isso, Paul olhava mais para a praia do que propriamente para o peixe que estava assando. Já tinha visto algumas mulheres nuas, mas nunca assim em uma praia deserta a algumas dezenas de metros dele. Paul ficou encantado com as curvas de Jennifer, apesar de se conhecerem a algum tempo ele nunca imaginou que ela tinha aquele corpo tão maravilhoso. Quando ela se virou para pegar as roupas, Paul fingiu não estar olhando. Então Jennifer vestiu as roupas limpas e voltou para perto de onde ele estava.
— Nossa! Você vestiu a roupa com o corpo molhado. Pode pegar um resfriado.
— Com o calor do fogo vai secar rapidinho.
Paul viu que ela não usava sutiã e a blusa sobre a pele molhada revelava tudo o que ele desejava ver a poucos minutos antes. Estava sentindo desejo por sua colega de trabalho. Não acreditava que aquilo estava acontecendo, mas gostava muito do que via.
— O peixe está pronto, vamos comer.
Jennifer pegou um pedaço e colocou na boca.
— Está um pouco sem sal — disse ela.
— Sim, não tive tempo de ir ao supermercado — retrucou Paul.
— Não seja bobo Paul, só disse que o peixe está sem sal.
— Sem sal, sem tempero, é um peixe direto do mar. Deveria dar graças a Deus por ter isso para comer.
— Desculpe Paul. Sei que se não fosse por você estaríamos tomando água e comendo coco apenas.
— Para mim o peixe está uma delícia. Agora vamos deixar de conversa e comer isso logo — disse Paul.
Depois de alguns minutos…
— Agora você lava a louça que eu vou tomar banho — brincadeirinha — disse Paul antes que Jennifer tivesse tempo de se irritar.
Ele então pegou apenas uma sunga e foi tomar banho. O sol ainda não havia se posto completamente e Jennifer conseguia ver seu corpo contra os raios do sol. Ela não queria olhar, mas não conseguia evitar aquilo. Jamais tinha visto um homem nu naquela situação e como aquilo mexia com ela. Paul não tinha o corpo do tipo atlético, mas era o suficiente para fazer uma mulher suspirar. Estava ficando excitada e com pensamentos eróticos.
— O que está acontecendo comigo, estou sentindo atração pelo Paul — pensou ela.
Depois de tomar banho Paul retornou utilizando apenas a sunga e se aproximou do fogo. Jennifer não conseguiu desviar o olhar e ficou envergonhada quando Paul percebeu para onde ela estava olhando, mas ele deu apenas uma risadinha. Quando já estava completamente seco vestiu uma camiseta e um short que estava em sua mochila.
— Vou dormir, estou bastante cansado e com sono.
— E aonde iremos nos deitar, na areia? — perguntou Jennifer.
— Pode ser, mas podemos utilizar nossas roupas usadas para forrar o chão, o que acha?
— Não é nenhum lençol de seda, mas ajuda um pouco — respondeu ela.
Depois de colocarem as roupas estendidas no chão e quando Paul se preparava para deitar, Jennifer disse.
— Estou com sede.
— E o que você quer que eu faça? Busque água na geladeira? Tudo bem, eu vou abrir um coco para nós dois.
Depois de saciarem a sede finalmente se deitaram. Paul se virou para o lado e Jennifer puxou conversa.
— Será que alguém irá nos encontrar aqui nesta ilha?
— Não sei, talvez fiquemos aqui para o resto da vida, talvez nos encontrem amanhã, daqui a um ano, quem sabe.
— Vire essa boca para lá, eu tenho apenas três trocas de roupa e como nós sobreviveríamos o resto da vida comento apenas peixe e tomando agua de coco?
— Amanhã nós vemos isso, quem sabe encontramos um rio de água doce e matamos algum animal para que possamos comer, mas agora me deixa dormir.
— Paul.
— O que é Jennifer?
— Preciso ir ao banheiro e tenho medo de sair no escuro.
— Não tem perigo algum, vá aqui atrás da barraca, se é que você quer fazer o número um, é lógico.
— Sim. Tomei muita água e agora preciso fazer xixi.
Jennifer então se levantou e foi atrás da barraca, mas Paul disfarçadamente ficou espiando pela fresta. Aquilo o deixou absurdamente excitado.
Logo em seguida…
— Agora podemos dormir?
— Sim. Boa noite Paul.
— Boa noite Jennifer.
**********
Naquela manhã Paul e Jennifer estavam em um aeroporto da cidade de Miami e se preparavam para viajar a Porto Rico, a viagem duraria apenas um dia. Os dois precisavam fechar um acordo com uma empresa de turismo, isso fazia parte dos negócios da empresa para a qual os dois trabalhavam.
Paul era encarregado dos contratos e Jennifer era responsável por assessorar ele na escolha dos melhores hotéis para que a empresa pudesse fechar os acordos.
Paul era alto com seus 1,80 m. e cabelos escuros, formou-se em administração depois de servir ao exército por três anos. Já estava há dois anos na empresa e tinha vinte e cinco anos.
Jennifer não passava de 1,65 m, cabelos louros, pele clara e um lindo sorriso. Formada em hotelaria e turismo trabalhava na empresa há apenas seis meses e estava com vinte e três anos. Os dois se davam bem profissionalmente, nada, além disso, Paul não tinha namorada e Jennifer também estava sozinha no momento.
Logo que os dois entraram no avião bimotor, o piloto que se apresentou pelo nome de Scott pediu para que eles colocassem o cinto de segurança. Jennifer hesitou, mas Paul acabou a convencendo que era para sua segurança. O avião decolou e depois de algum tempo o voo estava perto do fim, foi quando o inesperado acabou acontecendo.
Nicholas Rarsom se preparava para as festas daquele final de ano, e naquela tarde de domingo saiu andando pela cidade à procura de presentes para seus pais e seu sobrinho Henry. Estacionou seu carro em uma rua no centro da cidade e caminhava olhando as vitrines, pensando em algo que pudesse agradar sua mãe; não que ela fosse exigente demais, na verdade, não se importava com detalhes, mas Nicholas não queria dar a ela algo que não tivesse utilidade alguma, como aqueles objetos de decoração, que ela não tinha nem mais espaço para colocá-los. Quando ele estava caminhando pensou ter visto logo a sua frente uma pessoa que o remeteu a um passado distante. Apertou um pouco o passo e teve certeza de que era Kate, a mesma menina por quem ele havia se apaixonado ainda no colegial. Agora era uma mulher, linda, com seus cabelos ruivos caídos nos ombros e pele clara.
Nicholas chamou-a pelo nome, mas ela não ouviu, gritou duas vezes, e não apenas ela, mas todos os que estavam por perto olharam para ele. Apesar disso ela se virou e continuou a caminhar acreditando que aquilo não era com ela, foi então que ele correu e a alcançou tocando em seu braço. Quando ela se virou Nicholas viu novamente o brilho daqueles olhos castanhos o evolverem em um mar de lembranças.
— Kate! Não se lembra de mim? — perguntou Nicholas.
— Desculpe moço, deve haver algum engano. Eu me chamo Chloe. Deve estar me confundindo com alguém, eu não o conheço.
Nicholas ficou confuso, não poderia ter se enganado daquele jeito. A última vez que viu Kate ela estava com doze anos, e agora deveria estar com vinte e dois; a fisionomia era a mesma, só o corpo que agora era de mulher. E que mulher linda.
— Impossível. Você é a cara da Kate — disse ele com toda convicção possível.
— Se não acredita, olhe meu documento — disse ela mostrando seu documento que estava na bolsa.
Nicholas olhou e viu que ela dizia a verdade, seu nome era Chloe, mas isso não o deixou totalmente satisfeito.
— Suponho então que você tem uma irmã gêmea? Só pode ser isso.
— Não, moço. Sou filha única e, como já disse, não conheço nenhuma Kate — disse ela, já bastante irritada.
— Tudo bem, se acalme. Está bastante frio, podemos conversar um pouco em um local mais quente? — perguntou ele.
— Está bem, mas não tenho muito tempo a perder.
Nicholas e Chloe entraram no café que ficava mais próximo e sentaram-se à mesa para conversar.
— Prazer, meu nome é Nicholas Rarsom, estudei com você, ou melhor, com uma garota que era idêntica a você. Ainda não estou acreditando que você não é a Kate. Diga-me, onde nasceu?
— Nasci aqui mesmo, em Los Angeles, nunca morei em outro lugar que não fosse aqui. Meu nome é Chloe, portanto, não sou a garota que você procura — disse ela.
— Você nunca morou em São Francisco?
— Foi o que acabei de dizer. Nunca, já estive lá apenas a trabalho, mas isso foi no ano passado. Já disse, você deve estar me confundindo com alguém. Quantos anos tinha esta garota quando a viu pela última vez?
— Doze anos, eu estava dois anos à frente dela no colégio e sempre tive um sentimento inexplicável por aquela menina, mas a diferença de idade impediu que eu me aproximasse dela. Eu continuei naquele colégio, mas Kate ficou lá apenas naquele ano, depois disso nunca mais a vi. Quando lhe vi pensei que eu tinha a encontrado novamente.
— Em que ano aconteceu isso? — perguntou Chloe.
— Dez anos atrás, hoje Kate deve estar com vinte e dois anos.
— Esta também é minha idade, mas isso não passa de uma simples coincidência. Já imaginou quantas pessoas nasceram no mesmo ano que eu?
— Sei disso, mas o que me impressiona é a sua semelhança com Kate. Ainda não consigo acreditar que não estou olhando para ela.
— Muito bem, a conversa está boa, mas agora preciso ir, tenho compromissos para resolver.
— Você pode me deixar o seu número de celular? — disse Nicholas.
— Qual é a sua intenção? Já disse que não sou essa tal de Kate que você conheceu na adolescência — disse Chloe, parecendo irritada novamente.
— Sei que você está falando a verdade, mas em outra oportunidade gostaria de continuar essa conversa.
— Já percebi que não vai me deixar em paz se não lhe der esse número. Anote o número em seu smartphone — disse Chloe.
Depois de salvar o contato e conferir que Chloe havia lhe passado o número correto, os dois se despediram e Nicholas foi ao shopping para terminar de fazer as compras para o Natal.
Enquanto Nicholas fazia as compras, ficou pensando:
“Como poderia existir alguém tão parecida com Kate. Será que ele poderia estar enganado, afinal já haviam se passado dez anos, e a fisionomia dela poderia não ser igual à de Chloe. A única lembrança que ele tinha era a que estava em sua memória, talvez ele realmente estivesse enganado.”
Ao chegar em casa Nicholas colocou os presentes próximos à árvore de natal que estava na sala, como sempre sua mãe caprichava na decoração. Nicholas sempre dizia que era a árvore mais bonita do bairro, e sua mãe ficava toda orgulhosa.
A mãe de Nicholas se chamava Ellen e cuidava apenas da casa, sempre se dedicou aos filhos e ao marido e, por isso mesmo, os conhecia melhor do que ninguém e percebeu que seu filho estava estranho.
— Aconteceu alguma coisa, Nicholas?
— Não mãe, não aconteceu nada demais. Porém, uma coisa me deixou bastante intrigado.
— Então me diga o que é.
— Podem existir pessoas completamente parecidas sem que elas sejam irmãs ou no mínimo parentes?
— Existem algumas pessoas que têm semelhança mesmo não tendo nenhum grau de parentesco, mas completamente parecidas eu acho difícil. Mas por que essa pergunta?
— Hoje, quando estava andando por aí à procura de presentes, encontrei uma moça e poderia jurar que era Kate, uma menina que estudou no mesmo colégio que eu dez anos atrás, ainda em São Francisco. Mas, quando me aproximei, ela me disse que se chamava Chloe, que não me conhecia e que nunca morou em São Francisco. Ela mostrou-me o documento, então sei que ela me disse a verdade.
— Talvez você tenha se enganado, meu filho, afinal se passaram dez anos e você nunca mais viu essa garota.
— Talvez, realmente faz dez anos que não a vejo, mas mesmo assim algo me deixou inquieto. Eu tinha uma queda pela Kate, mas nunca assumi isso por achar que ela era muito jovem para mim. Hoje, quando encontrei esta moça, senti a mesma coisa que eu sentia quando olhava para Kate; então, depois descobri que ela era a Chloe.
— Meu filho, talvez seu subconsciente lhe traiu, você queria muito ver esta garota novamente e pensou que fosse esta moça. Você lembra qual era o sobrenome dela?
— Da Kate?
— Sim.
— Não mãe, não me lembro.
— Se soubesse o sobrenome dela poderia descobrir se realmente elas não são parentes.
—————
Ainda faltavam cinco dias para o Natal, naquele domingo a família estaria reunida. Sua irmã Lauren, seu cunhado James e seu sobrinho Henry almoçariam em sua casa. Logo pela manhã seu pai Robert temperou um suculento pedaço de carne e o deixou pronto para ir ao forno, era sua especialidade. Não era almoço de família se ele não preparasse a carne.
Por volta das dez da manhã o carro parou em frente ao jardim e Lauren desceu do carro pegando Henry, que estava na cadeirinha no banco traseiro. Como sempre ela estava sorridente, e agora ainda mais, pois Henry havia acabado de aprender a andar.
— Olá minha irmã, como vai?
— Tudo bem, e você, como está?
— Ótimo. E meu sobrinho querido, já está correndo por aí — disse Nicholas, pegando Henry em seu colo.
— Olá James, tudo bem. Logo vocês já podem arranjar outra criança — disse Nicholas.
— Não vamos exagerar, quando Henry tiver uns três anos quem sabe, mas por enquanto vamos dar um tempo. Você é que precisa arranjar uma namorada. Já terminou a faculdade e já tem um ótimo emprego, ou pretende continuar a vida inteira solteiro?
— Não, nem penso nisso. Ainda não encontrei a garota certa, ou melhor, talvez eu já tenha a encontrado, mas não dei a importância necessária — disse Nicholas se referindo a Kate, a menina por quem ele se apaixonou no colégio.
Como sempre o almoço estava muito bom e a carne muito bem preparada. Depois que todos almoçaram e sentaram-se na varanda, Nicholas puxou o assunto com sua irmã Lauren.
— Lauren, você tem lembranças daquela menina que eu gostava quando estávamos no colégio?
— A menina ruiva? — perguntou ela.
— Sim, essa mesma. Ontem eu estava andando por aí e encontrei uma moça que eu poderia jurar que era a Kate, mas quando me aproximei descobri que era outra pessoa. No entanto, quando a vi senti a mesma coisa que estivesse olhando para Kate.
— Não é irmã gêmea dela?
— Não, ela me garantiu que não tem irmã e que nunca morou em São Francisco.
— Mas por que este súbito interesse em encontrar Kate novamente? — perguntou sua irmã.
Nicholas franziu o cenho.
— Não estou, ou melhor, não estava esperando vê-la novamente, mas o fato de encontrar esta pessoa tão parecida me fez perceber que ainda sinto algo por Kate. Fiquei frustrado quando descobri que não era ela.
— Isso quer dizer que você ainda gosta dela?
— Não sei, faz dez anos que não a vejo. Gostaria de encontrá-la novamente.
— Então a procure, quem sabe ela ainda está solteira.
Mais tarde, depois que todos foram embora, Nicholas ficou pensando se tinha algum sentido ele ir atrás de Kate. Ele sabia por onde começar, mas sabia que era provável que pudesse encontrar uma Kate totalmente diferente daquela que ele imaginava, talvez se arrependesse de tentar. Também não seria uma tarefa muito fácil, pois precisaria viajar até São Francisco em busca de informações para começar a busca.
Passaram-se três anos desde o casamento de John e Louise, eles viviam felizes e até já faziam planos para uma nova gravidez. Era mês de setembro, Sarah estava prestes a completar três anos e Louise já começava os preparativos para a festa de aniversário.
Jennifer e Phil haviam se casado dois anos atrás no mês de janeiro, assim como foi também o casamento de John e Louise. A mãe de John continuava vivendo com Jennifer, mas a diferença é que agora seu marido Phil também fazia companhia para as duas. Ele conseguiu emprego em Berkeley e após o casamento preferiram morar todos juntos para que Mary, a mãe de Jennifer, não ficasse sozinha.
Desde o dia em que John contou a Richard que Louise, sua futura esposa, era a mesma prostituta com quem ele havia saído, nunca mais os dois se falaram, aliás, depois daquele dia os dois nunca mais nem ao menos se viram.
Como prometido, John tentava encontrar um homem bom com quem Stephany pudesse se casar, já havia lhe apresentado alguns homens, mas nenhum deles a agradou a ponto de ela pelo menos tentar um relacionamento. No entanto, Stephany tinha deixado de sair com vários homens, como fazia na época que tinha um caso com John. Na verdade, tinha ficado muito desapontada em ter perdido John para sua própria irmã. Mas Stephany precisava aceitar aquilo, pois não havia o que fazer.
Em uma noite em que Stephany estava passando o final de semana na casa de sua irmã, John levantou-se por volta das duas da madrugada para ir ao banheiro, estava quase estourando e não aguentaria ficar na cama até o dia amanhecer. Quando já estava aliviado e saía em direção ao seu quarto, deu de cara com Stephany apenas de camisola no corredor, ela então a abriu e mostrou seu corpo nu para John na tentativa de seduzi-lo.
— O que está querendo, Stephany? Você não respeita sua irmã? Se fizer isso de novo conto para Louise e tenho certeza que ela nunca mais lhe deixará pôr os pés aqui em casa, vista-se e volte a dormir.
— Desculpe-me, John. Foi um momento de fraqueza, tenho saudades do tempo em que saíamos juntos. De quando fazíamos sexo loucamente.
— Eu também gostava das suas loucuras, mas agora estou casado e não existe a menor hipótese de que eu traia Louise.
John voltou para a cama e percebeu que Louise estava dormindo.
“Ainda bem”, pensou ele. Se Louise visse aquela cena poderia entender tudo errado e aconteceria uma discussão entre os dois. E ele não gostava de discutir com Louise, mesmo nos casos em que ele estava com a razão.
John deitou-se na cama e por um breve momento a imagem do corpo nu de Stephany veio em sua mente. Era inegável que ainda tinha um corpo muito bonito e que os momentos que os dois passaram juntos foram muito bons, mas aquilo fazia parte do passado. Nada no mundo seria capaz de fazer com que ele traísse Louise, ainda mais com sua própria irmã.
No domingo pela manhã John acordou cedo, como de costume, e preparou o café, logo em seguida todos estavam de pé, inclusive Sarah, que não costumava dormir até tarde, pois precisava acordar cedo todos os dias para ir à escola.
— Bom dia.
— Bom dia, papai.
— Bom dia meu amor.
— Bom dia, John.
— O café está servido, apenas peço que não demorem muito, porque temos que ir à igreja. Você vai conosco, Stephany?
— Não costumo frequentar a igreja em São Francisco, mas vou com vocês sim.
— Ótimo — disse John.
Logo que tomaram café todos se trocaram e foram para a igreja, que ficava ali bem próxima da casa dos Sasters. Ao caminharem pela rua também encontraram Mary, sua mãe; Jennifer, sua irmã; e Phil, o seu cunhado. Sentaram-se no banco da frente, como de costume.
Stephany nunca tinha ido até aquela igreja, por isso prestava mais atenção no que tinha a sua volta do que na própria celebração. Foi assim que viu um homem, de aproximadamente quarenta anos, ao lado de duas crianças entre dez e doze anos. Depois de terminada a celebração Stephany perguntou a John.
— John, quem é aquele homem que estava sem a esposa e tinha duas crianças a seu lado? Ele estava sentado do outro lado, na mesma direção em que nós estávamos.
— Acredito que se refere ao Terry, ele não estava sem a esposa. Na verdade, a esposa dele faleceu há dois anos, agora ele vive apenas com seus dois filhos. Mas por que a pergunta?
— Fiquei interessada por ele, gostaria de poder conversar com ele.
— Semana que vem é aniversário da Sarah e ele é nosso convidado, se você quiser eu posso apresentá-los durante a festa.
— Você faria isso?
— É claro, não me esqueci da promessa que fiz de arranjar alguém para você. Se for o Terry, você terá um marido excelente, mas não esqueça que ele já tem dois filhos.
— Você sabe que eu não posso ter filhos, então não posso exigir um marido que não tenha filhos, porque eu não poderei dar um filho a ele. Também não posso exigir um homem jovem, pois já tenho trinta e quatro anos.
— Então combinado. No sábado eu lhe apresento ao Terry.
A semana passou e chegou o dia do aniversário. Louise e Stephany terminavam de enfeitar tudo enquanto John providenciava a comida e a bebida. Mary e Jennifer ficaram responsáveis por cuidar de Sarah, e quando chegou a hora combinada trouxeram-na para casa.
Quando estava terminando os enfeites Louise sentiu um mal-estar, mas logo passou. Nem deu muita importância para aquilo.
Logo os convidados começaram a chegar e as crianças brincavam pelo jardim.
A festa estava muito alegre e chegou o momento de cantar os parabéns. Sarah parecia uma princesinha. John pediu a palavra e agradeceu a todos os presentes.
— Quero agradecer a todos os meus parentes e amigos pela presença, a alegria está presente em minha casa e estou muito feliz em compartilhar este momento com vocês.
Toda a vizinhança e os amigos da família estavam presentes, inclusive Terry e seus filhos.
Depois que o bolo foi servido John foi até Terry e disse o seguinte.
— Como vai amigo?
— Tenho levado a vida como posso, já faz dois anos que tudo aconteceu, mas parece que foi ontem.
— Imagino como deve ser difícil para vocês, não imagino isso acontecendo comigo, acredito que não suportaria. Não sei o que seria de mim se Louise se fosse para sempre. Mas mudando de assunto, quero lhe dizer uma coisa…
— Então pode dizer.
— Está vendo aquela mulher bonita que está com a Sarah no colo?
— Sim. Realmente é uma mulher bonita, mas o que isso tem a ver comigo?
— Ela se chama Stephany, é minha cunhada e está interessada em você.
— Interessada em mim! Como você sabe?
— Ela me disse e me pediu para conversar com você. Já posso lhe adiantar que ela não pode ter filhos. Tem trinta e quatro anos e nunca foi casada.
— É, não estou procurando esposa, mas o perfil dela me interessa. Pode apresentá-la a mim agora?
— Sim, é claro. Vou chamá-la.
— Terry, esta é minha cunhada, Stephany. Stephany este é meu amigo, Terry. Agora vou deixar os dois para que possam conversar mais à vontade.
— Onde você trabalha Terry?
— Trabalho em uma empresa de comunicação. E você?
— Eu trabalho na mesma empresa onde John trabalhava antes de se mudar para cá. É uma empresa de Consultoria em Recursos Humanos e eu sou responsável pelo setor de RH. Estou nesta empresa há doze anos.
— Nossa! Você deve ser muito eficiente. Mas mudando de assunto, John me disse que você nunca foi casada. Existe uma explicação para uma mulher bonita como você continuar solteira até hoje?
— Sim. Eu não posso ter filhos. Por isso nunca consegui me casar.
— E como você descobriu isso?
— Aprendi com minha irmã que devemos dizer sempre a verdade. Você quer saber a verdade mesmo?
— Sim. Me conte como aconteceu isso.
— Sofri um estupro quando tinha vinte anos, tentei fazer um aborto e acabei perdendo o útero depois de uma infecção.
— Como assim, quem lhe estuprou?
— Meu padrasto, mas isso já faz tanto tempo que prefiro nem falar muito sobre o assunto.
— Entendo, deve ter sido muito difícil para você, passar por um estupro e ainda como consequência não poder mais ter filhos.
— Parece que você tem dois filhos?
— Sim, um menino de nove e uma menina de doze anos. Minha esposa Amy faleceu há dois anos e desde então a responsabilidade pela criação dos dois é toda minha.
— Não gostaria de dividir essa responsabilidade com alguém? — disse Stephany pegando na mão de Terry.
— Eu amava minha esposa, mas sei que não posso continuar sozinho para sempre. Mas não acha que está andando muito rápido com as coisas?
— Me desculpe. Sou meio desastrada com os homens. Talvez seja por isso que ainda estou sozinha.
Apesar de dizer isso, Terry havia ficado interessado por Stephany.
— Gostaria de sair comigo nesta noite?
— Adoraria.
— Ótimo, te pego aqui às vinte horas.
— Combinado então.
— E aí Stephany, como foi a conversa com Terry?
— Foi ótima, parece que ele ficou interessado em mim da mesma maneira que eu me interessei por ele, vai passar aqui às vinte horas para sairmos.
— Ainda bem que vocês se entenderam, quem sabe ainda ficam juntos.
Depois que a festa acabou Stephany ajudou os dois a juntarem parte da bagunça que ficou espalhada pelo gramado. Então John disse o seguinte.
— Stephany. Já é tarde, pode deixar que terminamos de arrumar tudo, logo Terry passará aqui para te pegar.
— Não posso perder este encontro de jeito nenhum. Vou me arrumar sim.
— Então você está arranjando um casamento para minha irmã?
— Sim. Apresentei ela ao Terry. O que você acha disso?
— Ele parece ser um homem bom. Além disso, é viúvo e já tem dois filhos. Dificilmente ela conseguirá um homem que seja solteiro e que não tenha filhos. Não sei se Stephany saberia como lidar com os filhos dele, mas não custa nada tentar.
— É o que eu penso, mas se ela realmente quer arranjar um marido, terá que aceitar tudo isso.
Depois de algum tempo, quando os dois estavam terminando de arrumar tudo, Terry encostou o carro na frente do jardim.
— Vou ver se Stephany já está pronta — disse Louise.
— Boa noite, John.
— Boa noite, Terry. Louise foi ver se Stephany já está pronta.
— Estou ansioso para sairmos, quero conhecê-la melhor.
— Não vai precisar esperar mais, olhe quem está vindo.
— Nossa! Como você está linda Stephany.
— Você também Terry. Não me disse aonde vamos, por isso vesti a melhor roupa que tinha aqui.
— Tenho certeza que será a mulher mais linda do restaurante aonde vamos. Então podemos ir?
— Sim, é claro.
— Cuide de minha irmã, ouviu Terry.
— Pode deixar, antes de amanhecer trago ela de volta — disse ele com um sorriso.
— Tenho a impressão que eles vão se dar bem, parece que Terry ficou bastante interessado nela.
— Stephany é muito bonita, puxou a irmã.
— E pensar que você quase se casou com ela, a minha sorte foi você ter desistido na última hora.
— Na verdade eu desisti quando descobri que ela era prostituta.
— Mas eu também era.
— Sim, mas eu te amava, mas eu nunca amei Stephany, o que existia entre nós era apenas sexo.
— Não acha que o passado de Stephany pode estragar um possível relacionamento entre eles?
— Talvez, vai depender de como ela vai contar sobre o passado dela.
— Papai, todas as crianças já foram embora.
— A mamãe já vai lhe dar banho, acabamos de arrumar a bagunça.
Neste instante Terry e Stephany chegaram ao restaurante onde ele tinha feito as reservas.
— Nossa! Que lugar lindo!
— É um dos melhores restaurantes de Berkeley, acredito que irá gostar do local.
Ao entrarem, o recepcionista os levou até a mesa que estava reservada, em seguida o garçom apresentou o menu.
— Gostariam de fazer o pedido?
— Stephany, você me acompanha com um vinho?
— Sim, pode ser.
— Então me traga o melhor vinho que vocês têm aqui.
— Agora me conte mais sobre você. Como foi a sua infância?
— Eu e minha irmã Louise vivíamos com nossos pais em São Francisco, éramos uma família feliz. Não tínhamos muito dinheiro, mas tudo ia bem até nosso pai falecer. Ele era bastante jovem quando faleceu, por isso nossa mãe resolveu se casar novamente. Nosso padrasto era um homem que bebia muito, nós duas não gostávamos dele. Até que um dia ele chegou em casa bêbado, estávamos apenas nós duas em casa, ele entrou em meu quarto e me estuprou. Louise tentou me defender, mas ele a ameaçou e por sorte não fez o mesmo com ela. Contamos a mamãe, mas ela não acreditou na história. Achou que era tudo invenção por não gostarmos dele. No entanto, pouco tempo depois descobri que estava grávida, eu não tinha namorado, por isso tinha certeza de que estava grávida em decorrência daquele estupro. Me sentia suja, jamais teria aquela criança. Procurei ajuda e não consegui, foi então que resolvi fazer um aborto por conta própria. Tomei alguns remédios e logo em seguida comecei a passar mal. Fui levada para o hospital e depois de uma infecção acabei perdendo meu útero. Pouco depois disso nossa mãe faleceu e então nós duas saímos de casa, fomos morar em um apartamento.
— E depois disso, como foi sua vida?
— Como eu disse, trabalho há doze anos naquela empresa, neste período tive vários namorados, mas nunca ficavam comigo. Quando sabiam a verdade, que eu não podia ter filhos, eles me abandonavam. Antes que você me pergunte sobre isso, eu prefiro dizer. Já saí com homens apenas por sexo, cansei de ser humilhada, mas saiba que nunca perdi a esperança de encontrar um homem como você.
Terry tomou mais um gole de vinho antes de dizer o que pensava sobre tudo aquilo.
— Você não precisava me dizer tudo isso, saiba que eu não esperava que você fosse uma moça virgem. Mas gosto de sua sinceridade.
— Mas agora me fale sobre você, o que aconteceu com sua esposa?
— A aproximadamente quatro anos atrás ela começou a sentir alguns problemas, fomos ao médico e descobrimos que ela tinha um problema sério no coração, sua única chance seria realizar um transplante. Antes que isso fosse possível ela acabou piorando e faleceu dois anos atrás. Foi muito difícil para mim e principalmente para nossos filhos. Estávamos casados a treze anos, nos conhecemos na faculdade, Amy foi minha primeira namorada.
— Me fale um pouco de seus filhos, como eles são.
— Acho que ainda não falei o nome deles. Ele se chama Billy e ela se chama Lucy. Billy foi o que mais sentiu quando tudo aconteceu, na época ele tinha apenas sete anos. Lucy também sofreu bastante, mas já compreendia aquilo de maneira mais madura, apesar de ter apenas dez anos na época. Hoje os dois já nem falam mais muito sobre o assunto, Lucy um dia desses me perguntou se eu não ia arranjar uma namorada. Disse que não quer me ver sozinho para sempre. São duas crianças maravilhosas, tenho certeza que gostarão de você quando eu a apresentar.
— O que você quer dizer com isso?
— Quero dizer que vou levá-la até minha casa e apresentá-la a meus filhos. Eles estavam na festa hoje, mas ainda não lhe conhecem. Agora vamos pedir o jantar.
— Ótimo, estou com fome.
Logo depois do jantar Stephany disse o seguinte.
— Você sabe que eu moro em São Francisco, venho visitar minha irmã de vez em quando.
— Mas agora você tem motivo para vir aqui todas as semanas – disse Terry enquanto deslizou sua mão sobre a mão de Stephany.
Stephany realmente estava gostando daquilo, não queria criar expectativas, mas Terry parecia estar gostando dela também.
Os dois saíram do restaurante de mãos dadas e entraram no carro de Terry. Se fosse em outros tempos ela pediria para que ele a levasse para o motel mais próximo, mas Stephany não queria estragar tudo. Estava querendo arranjar um marido, não apenas mais um caso.
— Podemos ir para casa agora?
— Sim, mas me prometa que voltará para Berkeley na próxima semana. Quero que almoce em minha casa e conheça meus filhos.
— Tudo bem. Mas me diga uma coisa. Isso quer dizer que estamos namorando?
— Sim. Se depender de mim estamos.
— Então pode ter certeza que virei no próximo sábado.
Terry encostou o carro em frente à casa de John e por um momento pensou em beijar Stephany, mas acreditou que era muito cedo para isso. Talvez no próximo encontro faria isso.
— Então até sábado, Stephany.
— Gostei muito de nosso encontro, até sábado Terry.
Era primavera daquele ano de 2005, o verde intenso das folhas e a beleza das flores deixavam no ar aquela sensação de que já era realmente a estação do amor, do romantismo.
Tudo exalava amor, menos a vida de John Sasters, que continuava um tédio, e pelo que tudo indicava acabaria mais um ano assim, sem encontrar um grande amor.
John Sasters estava com vinte e seis anos e vivia sozinho em um apartamento no segundo andar, em um condomínio da região sul da cidade. Ali era seu refúgio, raramente recebia visitas. Saiu de casa ainda jovem para estudar e como não tinha parentes na cidade acostumou-se com a ideia de viver só. A única visita constante que recebia era da diarista que limpava seu apartamento duas vezes por semana.
John trabalhava em um escritório que ficava no segundo andar de um dos prédios do centro financeiro de São Francisco. Ali foi seu primeiro emprego logo após concluir a faculdade de Administração na Universidade Estadual de São Francisco. Aliás, foi ali, nesta mesma empresa, durante o estágio da faculdade que John conheceu Richard Tasly, que acabou se tornando seu melhor amigo.
Richard Tasly havia se casado há apenas quatro anos e, inclusive, já era pai de um menino. Casou-se com Catherine, que era formada em medicina e trabalhava em uma clínica que ganhou de seu pai logo após a formatura.
John não tinha inveja de seu amigo e muito menos da vida que ele tinha, mas gostaria de encontrar alguém que pudesse amar, alguém com quem pudesse compartilhar sua vida. Não queria apenas sexo, isso era fácil de encontrar e, embora contra seus gostos, até hoje John só havia conseguido sexo desta maneira. Algumas vezes saiu com mulheres deslumbrantes, mas John sabia que aquele tipo de mulher só servia para sexo e mais nada. Por mais que fossem carinhosas e companheiras, isso fazia parte do seu trabalho, ou seja, estavam recebendo por isso.
John tinha se tornado um homem muito atraente, e apesar de sua pele clara e 1,80 de altura ainda não havia tido uma única namorada sequer. Isso já começava a virar um problema na vida de John Sasters. Não por causa do que os outros pensavam, mas porque ele mesmo já não se sentia bem com aquela situação.
—————
Em uma tarde de sábado John saiu dar uma volta logo após o almoço, vagou pelas ruas de São Francisco com seu carro sem destino certo. Perdeu a noção do tempo e como estava muito longe de casa foi obrigado a parar em uma lanchonete para comprar água ou qualquer outra coisa para saciar sua sede. John não tomava nada de bebida alcoólica, principalmente por causa dos traumas sofridos durante a infância. Seu pai sempre passava dos limites e brigava com sua mãe, essa era a rotina dos finais de semana em família.
Jurou para si mesmo que jamais beberia e se um dia tivesse uma esposa iria tratá-la com todo o carinho que uma mulher merece.
Logo que entrou naquela lanchonete John viu uma imagem que o deixou totalmente desconcertado, era uma linda moça que estava sentada à mesa da lanchonete e parecia beber algo, pela aparência deveria ser água. Aliás, isso foi o que menos chamou a atenção de John. Seus lindos olhos verdes eram como duas esmeraldas brilhantes, os lábios carnudos eram provocantes, sua pele clara e seu corpo perfeito quase o fizeram esbarrar na mesa que estava ao lado.
O local estava bastante movimentado, então John sentou-se do outro lado e ficou a observar a beleza da moça. Ele sentia algo que nunca antes havia sentido. Não conseguia nem ao menos desviar seu olhar, até mesmo esqueceu-se da sua sede. Olhava insistentemente para a moça, no entanto ela nem ao menos notou a sua presença na lanchonete.
Pediu à garçonete que lhe trouxesse um refrigerante de limão e continuou a observar a beleza da moça.
Quando John se dirigiu ao caixa havia uma pequena fila e, por um breve momento, perdeu sua atenção enquanto pagava a conta. Sua intenção era de logo em seguida se aproximar da moça e perguntar qual seu nome e, se possível, conhecê-la um pouco mais.
Para a grande surpresa de John, assim que concluiu o pagamento e retomou a atenção, percebeu que a moça já não estava mais no local. Por um momento pensou que ela tivesse ido ao toalete, aguardou alguns minutos e, como não retornara, perguntou aos que estavam próximos de sua mesa.
— Com licença, vocês viram onde foi aquela moça que estava sentada aqui?
— Foi embora tem alguns minutos — responderam-no.
— Obrigado! — disse John ainda incrédulo com o que acabara de ouvir.
“Obviamente que ela já tinha pagado a conta anteriormente”, pensou ele.
John correu até a calçada e olhou em todas as direções com a ilusão de que conseguiria avistá-la. Não passou de ilusão. Retornou ao interior da lanchonete e perguntou novamente aos que estavam próximos da mesa sobre a moça que estava sentada.
— Desculpe incomodar novamente, vocês conhecem aquela moça que estava sentada aqui? — perguntou John.
— Não conhecemos — responderam-no.
— Obrigado — disse John desapontado.
Foi até ao caixa e perguntou para a moça que estava atendendo.
— Com licença, você conhece aquela moça que estava sentada ali, naquela mesa?
— Me desculpe senhor, não conheço, mas acredito que é a primeira vez que veio aqui — respondeu a moça do caixa.
— Obrigado — respondeu ele.
John pegou seu carro e andou pelas avenidas da cidade na expectativa de que encontraria a moça. No entanto, a única coisa que conseguiu foi ficar sem combustível, por sorte estava bem em frente a um posto de gasolina.
Definitivamente, aquele não foi um dia muito bom para ele.