Era primavera daquele ano de 2005, o verde intenso das folhas e a beleza das flores deixavam no ar aquela sensação de que já era realmente a estação do amor, do romantismo.
Tudo exalava amor, menos a vida de John Sasters, que continuava um tédio, e pelo que tudo indicava acabaria mais um ano assim, sem encontrar um grande amor.
John Sasters estava com vinte e seis anos e vivia sozinho em um apartamento no segundo andar, em um condomínio da região sul da cidade. Ali era seu refúgio, raramente recebia visitas. Saiu de casa ainda jovem para estudar e como não tinha parentes na cidade acostumou-se com a ideia de viver só. A única visita constante que recebia era da diarista que limpava seu apartamento duas vezes por semana.
John trabalhava em um escritório que ficava no segundo andar de um dos prédios do centro financeiro de São Francisco. Ali foi seu primeiro emprego logo após concluir a faculdade de Administração na Universidade Estadual de São Francisco. Aliás, foi ali, nesta mesma empresa, durante o estágio da faculdade que John conheceu Richard Tasly, que acabou se tornando seu melhor amigo.
Richard Tasly havia se casado há apenas quatro anos e, inclusive, já era pai de um menino. Casou-se com Catherine, que era formada em medicina e trabalhava em uma clínica que ganhou de seu pai logo após a formatura.
John não tinha inveja de seu amigo e muito menos da vida que ele tinha, mas gostaria de encontrar alguém que pudesse amar, alguém com quem pudesse compartilhar sua vida. Não queria apenas sexo, isso era fácil de encontrar e, embora contra seus gostos, até hoje John só havia conseguido sexo desta maneira. Algumas vezes saiu com mulheres deslumbrantes, mas John sabia que aquele tipo de mulher só servia para sexo e mais nada. Por mais que fossem carinhosas e companheiras, isso fazia parte do seu trabalho, ou seja, estavam recebendo por isso.
John tinha se tornado um homem muito atraente, e apesar de sua pele clara e 1,80 de altura ainda não havia tido uma única namorada sequer. Isso já começava a virar um problema na vida de John Sasters. Não por causa do que os outros pensavam, mas porque ele mesmo já não se sentia bem com aquela situação.
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Em uma tarde de sábado John saiu dar uma volta logo após o almoço, vagou pelas ruas de São Francisco com seu carro sem destino certo. Perdeu a noção do tempo e como estava muito longe de casa foi obrigado a parar em uma lanchonete para comprar água ou qualquer outra coisa para saciar sua sede. John não tomava nada de bebida alcoólica, principalmente por causa dos traumas sofridos durante a infância. Seu pai sempre passava dos limites e brigava com sua mãe, essa era a rotina dos finais de semana em família.
Jurou para si mesmo que jamais beberia e se um dia tivesse uma esposa iria tratá-la com todo o carinho que uma mulher merece.
Logo que entrou naquela lanchonete John viu uma imagem que o deixou totalmente desconcertado, era uma linda moça que estava sentada à mesa da lanchonete e parecia beber algo, pela aparência deveria ser água. Aliás, isso foi o que menos chamou a atenção de John. Seus lindos olhos verdes eram como duas esmeraldas brilhantes, os lábios carnudos eram provocantes, sua pele clara e seu corpo perfeito quase o fizeram esbarrar na mesa que estava ao lado.
O local estava bastante movimentado, então John sentou-se do outro lado e ficou a observar a beleza da moça. Ele sentia algo que nunca antes havia sentido. Não conseguia nem ao menos desviar seu olhar, até mesmo esqueceu-se da sua sede. Olhava insistentemente para a moça, no entanto ela nem ao menos notou a sua presença na lanchonete.
Pediu à garçonete que lhe trouxesse um refrigerante de limão e continuou a observar a beleza da moça.
Quando John se dirigiu ao caixa havia uma pequena fila e, por um breve momento, perdeu sua atenção enquanto pagava a conta. Sua intenção era de logo em seguida se aproximar da moça e perguntar qual seu nome e, se possível, conhecê-la um pouco mais.
Para a grande surpresa de John, assim que concluiu o pagamento e retomou a atenção, percebeu que a moça já não estava mais no local. Por um momento pensou que ela tivesse ido ao toalete, aguardou alguns minutos e, como não retornara, perguntou aos que estavam próximos de sua mesa.
— Com licença, vocês viram onde foi aquela moça que estava sentada aqui?
— Foi embora tem alguns minutos — responderam-no.
— Obrigado! — disse John ainda incrédulo com o que acabara de ouvir.
“Obviamente que ela já tinha pagado a conta anteriormente”, pensou ele.
John correu até a calçada e olhou em todas as direções com a ilusão de que conseguiria avistá-la. Não passou de ilusão. Retornou ao interior da lanchonete e perguntou novamente aos que estavam próximos da mesa sobre a moça que estava sentada.
— Desculpe incomodar novamente, vocês conhecem aquela moça que estava sentada aqui? — perguntou John.
— Não conhecemos — responderam-no.
— Obrigado — disse John desapontado.
Foi até ao caixa e perguntou para a moça que estava atendendo.
— Com licença, você conhece aquela moça que estava sentada ali, naquela mesa?
— Me desculpe senhor, não conheço, mas acredito que é a primeira vez que veio aqui — respondeu a moça do caixa.
— Obrigado — respondeu ele.
John pegou seu carro e andou pelas avenidas da cidade na expectativa de que encontraria a moça. No entanto, a única coisa que conseguiu foi ficar sem combustível, por sorte estava bem em frente a um posto de gasolina.
Definitivamente, aquele não foi um dia muito bom para ele.